Saturday, February 11, 2006

Para TI

Um dia amei-te e hoje não sei porquê. Fiz-te anjo, fiz-te rei, julguei-te perfeito. Abraçei a personagem que tão bem representaste e amarrei-a às entranhas do meu Ser. Nas mais geniais metáforas esperei-te... gentil, serena, paciente. A eternidade separou-nos, as palavras já não falam de amor, tudo o que foste, tudo o que me prendeu, dissipou-se na atmosfera sombria que nos cercou. Já não é a ti que vejo, não te reconheço, nem sequer sei porque te amo. Nunca te perdoarei teres esquecido tudo, teres-te contentado em apenas ser... apenas mais um... outro... alguem. O que fizeste à loucura que um dia vi nos teus olhos, à paixão que nos trouxe até aqui? Procura-a! Não a deixes desaparecer de ti, não te percas de ti mesmo, porque aos meus olhos já te perdeste, e tudo aquilo que um dia foste será sempre mais digno do que aquilo em que te tornaste.

7 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Muito bem !!!

gosto da forma como escreves.
em tempo do centenário de Agostinho da Silva deixa-me parafrasea-lo e dizer-te que é bom sermos porteiros da vida , estarmos sempre á porta para ver o que vem , e quem vai entrar pela nossa vida dentro !!!

FM

4:37 PM  
Anonymous Anonymous said...

Gostei do texto!Fez-me lembrar um poema que conheço, escrito por um dos meus poetas favoritos, Eugénio de Andrade. Deixo-te aqui o poema:

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

1:33 PM  
Anonymous Anonymous said...

Joel:
Muito obrigada! Eugénio de Andrade, sem dúvida um grande poeta!
Acima de tudo agradeço o facto de ma teres dado a conheçer um poema deveras maravilhoso. Volta Sempre!

2:04 PM  
Anonymous Anonymous said...

Olha, gostei deste texto e de outros que tu escreveste e que estao aqui no teu blog.
Sabes, gosto da maneira como tu escreves e sou das pessoas que acham que tens jeito para a escrita.(Nao tou a escrever isto so para ficar bem) ;)

7:21 AM  
Blogger Liv said...

Adorei este texto!
Tanto que gostaria de colocar em meu blog se me permite!
Parabéns!

2:46 PM  
Blogger Liilavati said...

Muito bonito e tem muito de verdade...
Há pessoas que passam pela nossa vida e nem compreendemos porque se tornam tão menos do que poderiam ser...Tornam-se menos do que elas próprias: "mais dignas no que foram do que no que se tornaram"...

Adorei o teu blog!

9:27 AM  
Anonymous Anonymous said...

best regards, nice info » »

8:41 PM  

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